Quando o assunto é o parto, surgem diversas dúvidas. Para as mulheres que desejam parto normal e acabam em cesárea, intraparto ou agendada, é comum se perguntarem “Foi mesmo necessário?”. Aqui estão reunidas as indicações reais de cesárea, segundo o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para a Cesariana.
Existem dois tipos de cesariana: eletiva, que pode ser agendada ou após o início do trabalho de parto, ou a cesárea intraparto, que começa como parto normal e culmina em cesárea.
A cesariana agendada previamente é recomendada em casos de placenta centro-total ou centro-parcial, quando ela se fixa próximo ou sobre a abertura do colo do útero, placenta acreta, quando esta está muito aderida ao útero, em gestantes HIV positivo com carga viral desconhecida, sem uso de antirretrovirais, em uso de profilaxia antirretroviral com carga viral maior que 400 cópias/mL ou em tratamento antirretroviral com carga viral maior que 50 cópias/mL, em casos de co-infecção dos vírus HIV e Hepatite C e em mulheres com cesariana anterior que tenha a cicatriz longitudinal.
Já em casos em que o bebê não está cefálico (de cabeça para baixo), em gestação de mais de um bebê quando o primeiro não está cefálico, mas o (s) outro (s) sim, em mulheres com infecção primária ativa do vírus do Herpes simples durante o terceiro trimestre da gestação, a cesariana é recomendada, mas o início do trabalho de parto antes da cirurgia é possível e indicado.
Apesar de optar pela cesariana, a mulher não precisa já deixar o procedimento agendado. Isto porque o ultrassom, meio mais comum e identificar a idade gestacional, pode ter uma diferença de até três semanas. Ou seja, ao agendar a cesárea para 39 semanas, há chances de o bebê nascer com 36, o que o tornaria prematuro. Não é necessário passar por todo o trabalho de parto e dilatação se o desejo ou a recomendação forem cesariana, mas esperar o trabalho de parto ter início aumenta as chances de maturidade fetal e reduz o risco de hemorragia materna.
Quando a cesariana é a via de nascimento de escolha da mulher, ela deve ser esclarecida sobre o procedimento, seus riscos e repercussões em futuras gestações. Se após todas as informações ela mantiver seu desejo, a via vaginal não é mais recomendada.
Não são indicação para cesariana gestação múltipla em que o primeiro bebê esteja cefálico, trabalho de parto prematuro, fetos pequenos para a idade gestacional, altura materna, estimativa do tamanho fetal, em mulheres HIV positivo com carga viral menor que 400 cópias/mL em profilaxia antirretroviral ou menor que 50 cópias/mL em tratamento antirretroviral, em gestantes portadoras de hepatite B ou C, em mulheres com vírus da Herpes simples com infecção recorrente, para mulheres obesas.
Em casos de VBAC, ou Parto Vaginal Após Cesariana, deve-se sempre considerar os riscos e benefícios dos dois tipos de parto e a preferência da mulher. Em geral, a cesariana não é recomendada em caso de 3 ou mais cesárias prévias. O parto vaginal é recomendado após a cesárea, mesmo com intervalo menor de 6 meses.